O que parecia ser um procedimento rotineiro de extração de dente se transformou em uma luta inesperada pela vida para Nataly Pontes Domingues, a jovem campo-larguense diagnosticada recentemente com Leucemia Promielocítica Aguda e que mobilizou a cidade nas redes sociais. A história do diagnóstico e como tem sido a sua luta foi compartilhada à Folha de Campo Largo por sua irmã, Natasha Pontes, que tem acompanhado de perto todos os desdobramentos desse processo.

Segundo Natasha, até o início de abril, Nataly estava saudável. Os exames estavam em dia — ela havia feito um hemograma e um coagulograma no dia 10 de abril, ambos dentro da normalidade. Isso a liberou para realizar a extração do dente do siso no dia 14, procedimento realizado normalmente e sem complicações iniciais. Ela seguiu com os cuidados pós-operatórios e chegou até a viajar. “O rosto tinha desinchado e ela estava bem. O dentista liberou, e ela viajou, pois já estava bem mais recuperada do procedimento. Mas, no segundo dia da viagem, o quadro mudou. O inchaço voltou, vieram as dores e a dificuldade para abrir a boca. A gente ainda não sabia, mas aquilo já era um sinal da doença.”
De volta para casa, procurou o dentista, que constatou uma infecção rápida na área operada. Mesmo com medicação reforçada, a dor se intensificou. “Ela voltou a trabalhar, mas estava muito mal. Sentia dor, não conseguia comer nem falar direito”, relata a irmã, dizendo que a busca por atendimento médico começou a se tornar rotina para Nataly. Por várias vezes, ela foi ao pronto atendimento, mas sempre voltava para casa com remédio e sem um diagnóstico ou explicação.
Fraca e sem conseguir se alimentar direito, Nataly decidiu procurar atendimento pelo plano de saúde. Apesar de relatar tudo o que estava sentindo, a rotina de medicação e alta se repetiu mais quatro vezes ao longo da semana. Até que a equipe resolveu investigar. Um exame de sangue indicou a gravidade do quadro, e ela foi internada imediatamente. “Foi quando ela precisou receber 15 bolsas de sangue, entre hemácias e plaquetas. A gente entendeu que não era apenas uma infecção no dente que estava acontecendo, mas algo bem mais grave”, conta Natasha.
O hospital em que ela estava sendo atendida não contava com equipe de hematologia, o que dificultava um diagnóstico preciso. Porém, foram realizados diversos exames — tomografias, ultrassonografias, raio-X, ecografia — sem um parecer definitivo. Em um domingo, Nataly foi levada à UTI. A família, composta por profissionais da saúde, também começou a levantar hipóteses. “A gente já suspeitava, principalmente quando o médico perguntou sobre histórico de câncer na família, especialmente leucemia. Foi quando entendemos o caminho que a situação estava tomando”, revela.

Mesmo sem uma confirmação, a irmã chegou a sugerir uma punção lombar. “O médico explicou que não era possível ali, por falta de equipe de hematologia, mas que tentariam a transferência”, relembra. Foi o que aconteceu no dia seguinte, quando Nataly foi levada para um hospital em Curitiba e, naquela noite, veio o diagnóstico de Leucemia Promielocítica Aguda.
Tratamento com chances reais de cura
Os exames mostraram que 33% do corpo de Nataly já estava comprometido pela doença, mas, segundo os médicos, se o percentual estivesse acima de 60%, o caso poderia ser irreversível. A boa notícia é que essa forma de leucemia, apesar de agressiva, tem tratamento com altas taxas de cura.
A Leucemia Promielocítica Aguda é considerada um subtipo raro da Leucemia Mieloide Aguda e representa cerca de 8% dos casos desse tipo de leucemia. Por sua gravidade, requer intervenção rápida e especializada, o que reforçou a importância da transferência para um centro com estrutura adequada.
No dia 6 de maio, ela iniciou o tratamento no Hospital Pilar, em Curitiba. “O protocolo é feito com quimioterapia em dias alternados e um medicamento via oral. Ela já concluiu o primeiro ciclo. Junto, Nataly segue tratando a infecção causada pela extração dentária, com cerca de seis antibióticos por dia, além de medicações para dor”, comenta a irmã.
A equipe médica esclareceu que a extração do dente não foi a causa da leucemia. “Em algum momento, o gene predisposto à doença sofreu uma mutação, e isso expôs o corpo da Nataly à infecção no local da extração. Não há conexão direta entre uma coisa e outra, porém foi a extração que acabou revelando um quadro mais sério”, relata Natasha.
Apesar da gravidade do quadro, ela mantém o ânimo. “Tenho conversado com a Nataly todos os dias. Ela já ou por muita coisa, mas ainda diz que é como se estivesse só tratando do dente e que logo voltará para casa. Sente como se a ficha ainda não tivesse caído”, diz.
Agradecimentos
A família tem organizado uma campanha de doação de sangue. “Ela precisa de muitas transfusões, e isso é essencial para que o tratamento continue”, reforça Natasha. As doações podem ser feitas no Hemobanco de Curitiba, localizado na Rua Capitão Souza Franco, 290 – Bigorrilho, em nome de Nataly Pontes Domingues.
“A gente só tem a agradecer. Tem muita gente orando, mandando mensagens, ajudando como pode. Isso nos faz ver que existem pessoas muito boas no mundo”, conclui.
Com informações Folha de Campo Largo